“Desculpe pai e mãe, não fui o filho que vocês sempre quiseram que eu fosse. Sempre fui o pior filho do mundo, ou sei lá, vocês não demonstraram que eu era algo de bom para vocês. Acho que para mim, tudo se acaba aqui. Peço desculpas pelo que fiz a vocês, acho que estraguei tudo. Como sempre estrago as coisas. Fui um peso morto, alias, até o momento eu sou. Saiba que eu amo vocês, apesar de não achar que vocês me amam. Lembra todas as vezes que eu queria fazer algo e vocês não deixaram? Acho que foi daí que começou tudo. Fui um filho o tanto deprimente. Só ficava trancado no quarto a espera de algum de vocês dois virem conversar comigo, para saber o que eu estava sentindo. Ou o que eu não estava sentindo. De todas as vezes que eu me trancava no quarto era na esperança de vocês ligarem para algum amigo meu pedindo eles para vim conversar comigo, mas esqueci, nem amigos eu tinha. Tive 1 amigo, e acho que por uma sorte imensa do destino ele foi embora. Não para outra cidade, mas para a sepultura. E eu falei com ironia a frase anterior. Talvez fosse por isso que eu fiquei com depressão, e quase me matei 3 vezes sem ao menos vocês saberem. Sempre inventei desculpas, para que vocês não pensassem “tem um suicida na minha casa.” Não pensaram nisso, não fizeram nada, e não vão fazer. Aqui fica o meu adeus, eu não vou me matar, não se preocupem. Eu já estou morto, e nem sempre fisicamente é o pior de tudo. Já morri psicologicamente, sentimentalmente, e todas as outras possibilidades existentes no mundo. Hoje eu quero mais é pegar uma mochila e sair pelo mundo, andando, a pé. Só que não sou rico, então, vou sumir para algum lugar e ficar lá, a espera de histórias novas para minha vida. Talvez entrarei para o mundo da bebida, apesar de já está, eu acho que encher a cara as vezes alivia do sofrimento momentâneo. Vou fumar uns cigarros, e morrer mais rápido. E não se preocupem, eu não vou dar o trabalho de vocês fazerem o meu enterro. Vou pedir para me jogarem no mato e por lá vou me decompor. Meu corpo não vai fazer nenhuma diferença no mundo. Alias, eu nunca fiz diferença alguma. Em nada. Ou eu fiz, só que esqueceram de dizer isso para mim. Diga a todos que perguntarem que eu sumi. Se quiserem noticias, liguem para a estrela e pergunte se eu já não estou por lá. Não se importem comigo, porque nem eu mesmo me importaria. Um beijo para vocês.”

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